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O que se espera de um profissional de HPLC?

Seja no trabalho com alimentos, na área farmacêutica, na área de energia ou na pesquisa, mesmo com todas as inovações tecnológicas dos últimos tempos, os atributos de um bom cromatografista permanecem praticamente os mesmos. Afinal, a química inerente as separações ainda é a mesma desde as primeiras colunas comerciais e o que chamamos hoje de Cromatografia de Ultra Performance (UHPLC) já era previsto desde os anos 50.

Mas, então, o que faz um bom analista em HPLC? Seguem alguns pontos de atenção:

Química básica: Parece redundante, mas não é. Não é raro ouvir histórias de que alguém não encontrou isopropanol no armário corta-fogo cheio de 2-propanol. Entender a nomenclatura dos compostos orgânicos e inorgânicos, tanto a nomenclatura usual quanto a da IUPAC é algo primordial. Entender que nem todos os fosfatos foram feitos iguais e como uma pequena fração de solvente orgânico no frasco de tampão pode acabar com uma leitura de pH é extremamente importante. Na maior parte das vezes as pessoas tem os conceitos, como de solubilidade, mas estão tão envolvidas com a rotina prática que não conseguem aplicar, e acabam deixando precipitar um tampão no sistema cromatográfico.

Escolha de colunas e solventes: Com algum estudo da amostra, da molécula e da literatura, um bom analista consegue rapidamente enxergar quais solventes e colunas utilizar, levando em consideração cutoff no UV do solvente, banda de absorção da amostra, a matriz e os outros analitos presentes em uma amostra.

Otimização de gradientes: Um profissional de HPLC deve entender muito bem como um gradiente funciona e como as mudanças no gradiente podem impactar uma corrida cromatográfica. A separação em uma coluna com partículas de 5um segue os mesmos parâmetros de uma separação em uma coluna com partícula sub2um ou 10um de fase estacionária semelhante. A diferença principal fica na escala (fluxo, tempo e volume de injeção). Resolver pequenos problemas de resolução e transpor métodos, principalmente com as ferramentas de calculo disponíveis atualmente, não pode apresentar muita dificuldade.

Otimização do resto da separação: Ter uma ideia de como purga, estabilização, fluxo, volume de injeção, temperatura de coluna e de amostra, composição física do sistema cromatográfico (bomba binaria, quaternária, volume morto), química da coluna, etc. influenciam no resultado final. Isso ajuda inclusive a entender o que pode ter dado errado em uma análise.

Preparo de amostra: Conhecer as principais estratégias de preparo e limpeza de amostra e ter pelo menos uma noção de quando aplicar cada tipo, por exemplo, escolher os filtros corretos para o seu analito no diluente de escolha, ou a extração adequada para a sua análise.

Escolha e otimização de detectores: Devemos entender qual a melhor detecção para o nosso analito de acordo com suas propriedades físico-químicas. Saber que não conseguimos ler bem sacarose em um detector de absorção UV nem enxergar compostos voláteis em um detector evaporativo de espalhamente do luz, já é alguma coisa. O manual da maioria dos detectores explica detalhadamente o que cada função da aba de método de aquisição do faz. Muitos manuais incluem uma seção de otimização com dicas de como acertar os parametros para a melhor performance de detecção.

Resolução de problemas: Estudar e entender o caminho fluídico do sistema com o qual você está trabalhando, onde entra fase, onde a fase é misturada, onde e como a amostra é introduzida ajuda a entender como acontecem e como resolver entupimentos, problemas com agulha, selos de bomba, selos de injetor, lavagem de selos, lavagem de agulha, como resolver um problema de carryover, como trocar algumas dessas peças. Apenas acompanhar com atenção um analista mais experiente em uma tarefa dessas já pode ajudar muito.

Saber onde está a informação: Saber onde estão e como consultar os manuais do equipamento, onde encontrar um bom livro de cromatografia ou mesmo onde conseguir encontrar um catálogo de colunas são coisas simples mas que podem fazer a diferença entre terminar ou não terminar um desenvolvimento.

Validação: Mesmo que não se trabalhe especificamente com validação, entender os parâmetros pelo qual um método cromatográfico é avaliado, traz conhecimento sobre o que se preocupar durante a realização ou desenvolvimento de uma análise cromatográfica.

Independência: Tentar ser independente sempre que possível, mas também evitar possíveis problemas com uma pergunta a alguém mais experiente. O que não se deve de forma alguma é querer fazer tudo sozinho sem estar com certeza absoluta ou sem ouvir o conselho de colegas experientes, ou ainda, ser totalmente dependente de outras pessoas pra fazer tudo que é necessário.

Comunicação: É preciso saber se comunicar bem, cada vez mais. Oralmente e por escrito. O trabalho hoje em dia é quase todo dividido em mais de uma área, com grandes times nos mesmo projetos. Ser capaz de comunicar bem o que foi feito, o que necessita ser feito, o que ainda precisa ser superado acaba ajudando sobremaneira o time. A pontuação desse quesito dobra se você vai escrever métodos de análise.

Fonte: Gabriel Martins – LinkedIn <https://www.linkedin.com/pulse/o-que-se-espera-de-um-profissional-hplc-gabriel-martins/?originalSubdomain=pt>

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